O "Fim da Favela do Sineiro"

Ao longo do meu percurso pelas subidas que tão bem a caracterizam, chego a um dos pontos mais altos da cidade, que acolhe ano após ano centenas de estudantes, a famosa estrada do Sineiro . Uma pequena rua que de sua origem tinha como imagem de marca as fábricas de lanifícios no seu horizonte, mas que, com o fecho das mesmas, viu o emergir da academia, e na introdução da vida académica um renascer, uma segunda vida. As velhas fábricas transformaram-se em novas residências e até a própria faculdade surgiu dessa transformação, não perdendo a sua estética e identidade que tanto a caracteriza.

Uma rua que nos últimos anos vê nessa "vida académica" alguma transformação, o brilho foi-se perdendo, as pessoas vão passando, mas acabam por não ficar. As esplanadas, os cafés, o próprio muro que tinha ao longo dos seus dias uma imensidão de pessoas que por lá ficavam a conviver, sentem agora um vazio. A noite que sempre trouxe pessoas de vários pontos da cidade para ali passar um bom momento, que deixava os dois cafés sempre em despique, também essa mudou.

Tudo se perdeu, talvez a mentalidade das pessoas tenha mudado, mas a verdade é que o Sineiro foi perdendo o seu brilho. De dois cafés passamos a um, de uma rua conhecida pelos seus paralelos escorregadios, os seus passeios cheios de buracos, de um muro coberto de pessoas e de um passeio que as fazia por lá ficar, passamos a uma rua totalmente renovada. Perdeu-se a identidade, extraviaram-se as pessoas, os hábitos e os costumes. Foram escapando a pouco e pouco os elementos que detinha e que tão bem a caracterizavam, talvez tenham sido tamanha mudança que fez com que uma das ruas mais conhecida por parte da comunidade estudantil tenha perdido o seu charme, e com isso a famosa "Favela do Sineiro" tenha perdido a sua identidade.