A Magia do primeiro Olhar
Conversas de carro com amigos acabam por ser inesquecíveis, podem levar-nos para a maior parvoíce já dita, pode nos trazer para o lado das fofoquices ou podem ser conversas que nos façam acabar por pensar. Esta pequena viagem de carro trouxe isso mesmo, reflexão.
Já não sei que estrada nacional ia, podia ser a N17 ou a N234, quem sabe? Existem tantas estradas neste país, a verdade é que ia para casa de uma amiga, e pelo percurso vou passando por paisagens verdes impressionantes e percebo como Portugal é bonito e as pessoas acabam por não dar o devido valor.
Ao chegar perto da aldeia deparo-me com uma das paisagens mais bonitas de montanha, uma pequena aldeia encostada à serra com os seus montes à vista. As árvores tomam conta da paisagem, as nuvens vão fazendo parecer um "tsunami" que vem do céu e vai passando aquela brisa de montanha.
Com o que vejo acabo por comentar, "viveria com esta vista aqui para sempre", trazendo o tema de conversa porque é que muitas pessoas não aproveitam o local onde vivem questionando-me como as pessoas podem ficar fartas de ver estas vistas? Deviam se sentir privilegiadas
Em modo reflexivo com o que acabei de experienciar, reparo que a primeira vez que vemos algo podemos achar a coisa mais incrível do mundo como aquele bebé que começa a ver e tenta pegar todos os detalhes que possa processar. Com o tempo, essa "magia" de primeiro olhar desaparece, não porque a paisagem mude, mas porque nós (ser humano) mudamos. A visão habitua-se ao que vê, fazendo com que os pormenores que antes iluminavam acabem por perder esse brilho, o que era diferente agora torna-se vulgar.
Surge-me a questão: e se esta paisagem desaparecesse? Acredito que as pessoas sentiriam a sua falta. Acabariam por se lembrar de cada detalhe, sentiriam esse vazio. Isto, traz-nos uma característica do ser humano, quando tem acaba por não valorizar, mas quando perde sente falta.
Uma simples conversa de carro trouxe esta reflexão. Por isso acabo por fazer o apelo, valorizem o local onde vivem e olhem para o que vos rodeia como fosse a primeira vez.