Um não Lugar

Final do dia, saio do Sineiro em direção a um só lugar, "Central Ferróviária da Covilhã", poderia dizer que ira
apanhar um comboio, mas como "mano" orgulhoso vou deixar a minha "mana" para a sua viagem.
Chego ao local e verifico que embora o tempo passe, o mesmo adquiriu uma realidade única e sem mudanças, com o vai e vem de pessoas,
trazendo as memórias de uma infância que nunca saiu de nós.
O comboio para, e começa a movimentação, sabendo que o mesmo irá estar por poucos momentos, as pessoas tentam desesperadamente entrar para dentro do mesmo, vindo as mesmas memórias de infância que tinha quando o meu irmão ia para a universidade.
Penso se não acabei de entrar para dentro de um filme, as despedidas que se vão fazendo, o homem dos bilhetes vem cá para fora com o sinal de quem precisa de apanhar ar, vai ao bolso tira o cigarro como se tivesse a esperar por aquele momento há horas.
Olho para as carruagens, uma a uma para ver para qual é que a "mana" entrou, é difícil ter essa percepção, vejo no meu redor e verifico as pessoas com suas movimentações de quem não pode perder o mesmo, o responsável continua a fumar o seu cigarro, olhando para a frente e para trás, para ver se todas as pessoas já entraram.
Dá o check, em seguida dá as últimas "bafadas" no seu cigarro, acabando-o por atirar para a linha, entra no comboio para voltar a repetir mais uma vez a sua função.
Começa andar devagar, eu e a minha outra "mana" a fazer um sinal de um adeus constante, como quem via aquele amigo nas férias de verão e se despedia porque só voltaria a ver no próximo ano, mas neste caso, para a semana a mesma hora estaremos na mesma situação.
De uma paragem com bastante movimento ficamos numa paragem que o vazio acabou por conquistar pelo menos até ao próximo comboio passar, porque a central dos comboios é isso mesmo, um local de passagem ou um não lugar, de memórias que iremos sempre recordar.